Alucinações...

Larguei-te de manhã, como tantas outras manhãs, mas hoje mais do que nunca preciso dos teus conselhos, da tua calmaria do teu saber ouvir...
Somente tu e as paredes me conhecem bem...

Algumas lágrimas já me vistes a derramar, quase todas elas em vão, quase todas elas por pessoas que não as merecem...
É a vida de um eterno romântico que acredita que a sua alma gêmea pode estar sentada ao meu lado...

Apetece-me gritar, discutir, libertar o espírito soltando uns palavrões... mas a conduta que a nossa sociedade tem, que em muito é evoluída mas em tanto retrógada ao mesmo tempo... Hoje em dia não se pode ser romântico e apaixonado, pois hoje isso é um absurdo, inconcibível, um alucinado...
Pois somos muito evoluídos...

Será progresso ou será medo nosso e de quem amamos?
A resposta...
Não sei...
Acompanho a sociedade, mas tenho a minha personalidade única não me fio de cabo a rabo pelo que estes “sociopatas” regem...

Medo de amar e ser amado? Não o tenho...
Mas há sempre o receio de receber o “amor” da outra pessoa, principalmente para quem é um sonhador, mas não um sonhador acordado, pois esse tem noção do quanto a felicidade é imperativa para descansar a alma e deixar as “reencarnações”...

Mas já o próprio Eurípedes disse a uns anos atrás... “... Um Homem que ama, não tem honra, nem orgulho...” Então eu não tenho honra, nem orgulho...

Serão alucinações, ou somente efeitos de acordar cedo para mais um dia penoso ao lado de quem gosto?
Não sei... Mas alucinações não são...

É... Mas eu próprio não passo de uma alucinação em que tantas vezes sou fantasma de mim próprio...
Não me faço ver, não me faço ouvir, nem sequer sou real...

Mas um dia “produtivo”, consigo estar no meio de tantos amigos e sentir-me só, um simples fantasma em que somente tenho uma folha de papel para ao menos ler-me dado que já nem eu próprio posso ouvir-me...